
A menina Denny morreu aos 13 anos, no interior da Rússia, dentro de uma caverna, tinha tudo para ficar no anonimato para sempre e quase ficou.
Foram 90 mil anos escondida do mundo até que, em 2016, ela teve seus ossos encontrados por cientistas.
Agora, Denny vai entrar para a história por causa de seus pais. Ela é a primeira criatura hominídea filha de duas espécies diferentes.
A descoberta foi anunciada por pesquisadores da Universidade de Oxford que sequenciaram o DNA de Denny, o nome que escolheram para batizar a menina.
Isso foi possível graças um pequeno osso, que pertenceu a um dos dedos da garotinha pré-histórica e continha material genético suficiente para análise.
Os resultados revelaram que Denny tinha 50% de DNA vindo de uma mulher Neandertal e 50% da genética de um homem Denisovano, uma espécie de hominídeo que era desconhecida até 2008.
Ela é fruto de uma união que diz muito sobre nosso passado mais remoto.
“A gente quase pegou eles durante o ato”, brincou o cientista Svante Pääbo, um dos autores do estudo.
Denny é mais uma prova de que antes de sermos os humanos modernos, as criaturas hominídeas procriavam entre si, criando híbridos que ajudaram na nossa evolução.
Exatamente por isso é possível encontrar até 3% de genes neandertais em alguns seres humanos.
Há pouquíssimas ossadas de denisovanos catalogadas. E, se mesmo com uma amostragem pequena foi possível encontrar uma descendente direta de uma relação inter-espécies, isso pode sugerir que os encontros sexuais desse tipo eram mais comuns do que se imaginava.
A ciência já havia descoberto um descendente de Homo Sapiens com Neandertais, mas não era um filho direto, e sim um descendente remoto, com quatro a seis gerações de distância do híbrido original.
Um descendente direto é algo tão inesperado que, inicialmente, nem mesmo os pesquisadores acreditaram na descoberta.
“Eu achei que alguém tinha interpretado os dados da pesquisa de forma errada”, afirma Pääbo.