
Oannes é um misterioso ser anfíbio encontrado nas mitologias suméria, caldéia e babilônica.
Berossus, o caldeu, um sacerdote babilônico do século 3 a.C., escreveu a Babyloniaka, a história da Babilônia, na qual consta:
“Mas, no primeiro ano após o dilúvio, apareceu um animal dotado de razão humana, chamado Oannes, que surgiu do meio do mar Eritiano, no ponto onde estavam as fronteiras da Babilônia.
Ele tinha um corpo inteiro como um peixe, mas acima de sua cabeça de peixe ele tinha outra cabeça, que era a de um homem, e pés humanos emergiam de debaixo do rabo de peixe. Ele tinha uma voz humana, e uma imagem dele é preservada até hoje. Ele passou o dia no meio dos homens sem comer; ensinou-lhes o uso das letras, as ciências e as artes de todos os tipos.
Ele os ensinou a construir cidades, erguer templos, fazer leis e explicou os princípios do conhecimento geométrico. Ele os fez distinguir as sementes da terra e mostrou-lhes como colher os frutos; em suma, instruía-os em tudo o que pudesse tender a suavizar os costumes humanos e humanizar suas leis.
A partir desse momento, nada mais foi acrescentado para melhorar suas instruções. E quando o sol se punha, este ser Oannes se retirava para o mar, pois era um anfíbio”.
De acordo com textos antigos, cuja origem se perderam no tempo, milhares de anos atrás, seres anfíbios pousaram na Suméria a bordo de um resplandecente “ovo voador”.
Essas entidades, conhecidas como Apkallus, instruíram os seres humanos em diversos conhecimentos, que deram início à civilização como a conhecemos hoje.
Curiosamente, ao mesmo tempo, criaturas muito semelhantes em aparência a estas desceram dos céus a bordo de uma brilhante “arca” no atual território do Mali, cujos habitantes também foram treinados em múltiplos conhecimentos.
Há 5.500 anos, entre as planícies aluviais dos rios Tigre e Eufrates, nascia a civilização suméria, considerada a primeira e mais antiga das conhecidas até hoje. A origem de seus habitantes ainda é incerta, embora o termo sumério não seja aplicado apenas aos habitantes daquela região, mas também seja usado para se referir a todos os falantes da língua homônima.
Os membros dessa civilização inventaram a escrita cuneiforme em meados de 4.000 a.C., que eles moldaram com cunhas em tabletes de argila úmida que depois secavam ou assavam.
Os sumérios deixaram um legado de uma imensa produção escrita entre a qual encontramos material econômico, jurídico, científico e religioso. Apenas uma parte mínima pode ser considerada obras estritamente literárias.
Entre seus escritos destaca-se a Hinografia, de profundo conteúdo religioso. Praticamente todos os deuses, os reis mais qualificados e os templos mais prestigiosos eram glorificados nessas composições, que eram recitadas tanto em festividades religiosas como seculares.

O grupo de “heróis civilizadores” da Mesopotâmia é conhecido pelo nome de Apkallus, que significa “muito inteligentes” e apresentavam uma série de características inusitadas e um visual exótico aparentemente não humano. Estes seres eram descritos como repulsivos e considerados uma abominação devido a sua aparência metade homem e metade peixe.
Berossus, sacerdote do deus Bel, o nome acadiano para Marduk, a divindade mais importante da Babilônia, escreveu a história da Babilônia para o mundo grego da época. Sabe-se que ele conheceu Aristóteles e foi contemporâneo de Alexandre, o Grande.
Intitulada Babyloniaka, esta obra explica as tradições e as origens da civilização. Para compilar a história, Berossus recorreu aos arquivos do Templo de Bel, localizado no território da atual Síria, e baseou-se nas representações nas paredes dos templos, nos documentos originais e no conhecimento tradicional.
Embora sua obra não tenha resistido ao tempo, alguns fragmentos dela chegaram até nós através de outros autores como Apolodoro, Alejandro Polihistor, Abideno e Flavio Josefo e, de fato, especialistas verificaram que nomes e eventos narrados por este sacerdote são fiéis ao conteúdo de outros textos da tradição mesopotâmica.
Os heróis civilizadores que os babilônios chamavam de Apkallus eram um grupo de criaturas anfíbias, cujo líder respondia pelo nome de Oannes, o sábio.
No antigo texto lê-se: “Na Babilônia muitos homens, vindos de diferentes partes, se estabeleceram na Caldéia, onde levavam uma existência desordenada, como animais. Em certa ocasião, aconteceu que apareceu pela primeira vez, na costa, surgido do Mar da Eritreia, um monstro extraordinário e dotado de razão chamado Oannes. Todo o seu corpo era como o de um peixe e sob sua cabeça de peixe havia outra cabeça humana, e também possuia pés, como os de um homem, presos ao rabo de peixe. Sua voz e linguagem eram inteligíveis e humanas. Sua imagem foi preservada na memória e ainda é representada em nosso tempo”.
Berossus conta que essa criatura estabeleceu contato com seres humanos e transmitia conhecimentos sobre ciências e todos os tipos de artes. Oannes ensinava a escrita, a construção de casas e a fundação dos templos, além da compilação de leis e os princípios do conhecimento geométrico. Ele também mostrava como distinguir as sementes do solo e como colher frutas e quando o sol se punha, Oannes voltava para o mar e lá ficava todas as noites, pois era um anfíbio. Posteriormente, outros seres semelhantes surgiram.
Diz-se que, para os babilônios, Oannes era o mesmo Ea ou Enki, outros o identificavam com Adapa.
Autores clássicos como Hyginus, Manius e Xanthos corroboram a história da vinda à Terra dos Apkallus e uma outra variante do mesmo evento em um texto atribuído a Germânico diz que um peixe divino dotado de poderes sobrenaturais eclodiu de um ovo que tinha uma aparência brilhante e luminosa nas margens do rio Eufrates.
Da mesma forma, Sozomeno, um historiador do século 5, conta que um desses deuses pisciformes desceu sobre o Eufrates como se fosse uma “estrela flamejante” caída do céu.
Não há dúvida de que os mesopotâmicos consideravam esses seres de carne e osso, inclusive os famosos astrofísicos Losif Shklovsky e Carl Sagan achavam que as histórias sobre Oannes e os outros homens-peixe mereciam mais atenção dos especialistas, pois poderiam constituir prova de contatos com extraterrestres em tempos antigos.